terça-feira, 15 de maio de 2012

Os fazedores de chuva


           Os problemas do campo não se resume apenas as estiagens do Nordeste. Passam também pelas geadas e inundações no Sul, Sudeste e  Centroeste. Em todas essas situações, nos momentos emergenciais aparecem políticos como salvadores da pátria, para fazerem promessas que nunca serão cumpridas.
            Passados os primeiros momentos de dor e comoção pelas vidas perdidas, pelas perdas das safras e dos bens materiais, logo as promessas são esquecidas, tudo volta a rotina de sempre e aqueles que perderam tudo lutam para encontrar um meio de sobreviver. Esquecida a tragédia, um ano, dois anos ou mais, tudo volta a acontecer e novamente surge novas promessas e novamente nunca são cumpridas.
            No caso as secas do Nordeste que existem desde tempos imemoriais, o fenômeno sempre foi usado como forma de manter o povo nordestino na miséria e na ignorância para que ficasse sempre dependente de favores de políticos. Nos últimos tempos essa pratica iniciada pelos coronéis nordestinos, foi oficializada com instituição do programa Bolsa Família. Disse Luiz Gonzaga que "uma esmola para um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão".
            Tão acostumados estamos a viver sob o paternalismo dos governantes que aceitamos e estamos viciados com a esmola governamental. Ninguém mais quer trabalhar, nem projeta planos para o futuro. Vive-se o momento agora e tudo que acontecer culpa-se o Governo. E a vida vai ficando como a cantiga da perua, que é uma só: de pior a pior.
            Nos anos 80 fazendeiros da região de Feira de Santana contrataram um empresa para fazer bombardeamento de nuvens e assim fazer chover, pois a seca já castigava a região ha muito tempo. Não deu certo. E nem poderia dar, porque a técnica empregada precisa de nuvens propícias para que seja bombardeadas apressando a precipitação das chuvas.
            Vejo agora no noticiário que o Governo está contratando uma empresa para bombardear nuvens na Bahia. Se não deu certo antes, não vai dar certo agora pelo mesmo motivo. Não ha nuvens propícias. A própria dona da empresa que vai executar os serviços, declarou que este trabalho precisa ser feito o ano inteiro. Hoje sobre a Bahia existe uma área de alta pressão que não permite a formação de nuvens e ainda não existe tecnologia para fazer isto acontecer. Ou seja: reverter a área de alta para baixa pressão.
            Não vai chover. Mas, com certeza, vai chover dinheiro nos cofres duvidosos do Governo que passa a imagem de está trabalhando para resolver o problema, quando na verdade ele é o único culpado pela situação de penúria em que vive o povo nordestino, notadamente o baiano. A seca não se combate. Aprende-se a conviver com ela. Para tanto, é necessário fazer açudes, barragens nos rios, cacimbas e cisternas nas pequenas cidades e povoados, de forma a armazenar o máximo possível de água quando as chuvas caírem. Também é necessário a distribuição de sementes e insumos a preços módicos, juros baixos e prazos de carência para que se possa arar a terra, fazer o plantio, irrigar e colher os frutos.
            Nada disso é feito. E somente quando ha emergência o governo se manifesta com planos mirabolantes e promessas que não serão cumpridas. Mas, ainda resta uma esperança, pois o governador Wagner foi a Roma conversar com o Papa, que é o sucessor de São Pedro, e quem sabe pedirá a ele que abra as torneiras do céu sobre a Bahia. Se não der certo, a presidente Dilma que parece ter muito boas relações com os Estados Unidos, não consiga trazer de lá uma tribo de índios para aqui executar a dança da chuva.

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