quarta-feira, 10 de maio de 2017

Estudo identifica risco de ataque cardíaco em uso de analgésicos comuns



Um novo estudo sugere uma ligação entre o consumo de altas doses de analgésicos anti-inflamatórios - como ibuprofeno - e ataques cardíacos.
A pesquisa, publicada no British Medical Journal, baseia-se em um estudo anterior, que já havia identificado uma possível ligação no consumo desses medicamentos e riscos de doenças cardíacas.
Esse estudo mais recente sugere que o risco pode ser maior nos primeiros 30 dias de uso. Mas cientistas afirmam que são necessários mais testes para identificar o tamanho do risco e de que forma essa relação se dá.

Nesse estudo, um time internacional de cientistas analisou dados de 446.763 pessoas para tentar entender a ocorrência de problemas cardíacos.
Os cientistas, contudo, focaram apenas em pessoas que consumiram anti-inflamatórios não esteroides (como ibuprofeno, aspirina, diclofenaco, celecoxibe e naproxeno) adquiridos com receita médica - e não em pessoas que compraram os analgésicos sem receita.
Ao se debruçar nos dados do Canadá, Finlândia e Reino Unido, pesquisadores identificaram o risco de ataque cardíaco já na primeira semana de consumo. O risco foi destacado ao longo do primeiro mês quando as pessoas estavam tomando doses altas - por exemplo, 1200 mg de ibuprofeno por dia.
Mas cientistas admitem que há outros fatores que dificultam estabelecer com precisão de que forma se dá a relação direta de causa e efeito entre analgésicos e ataques cardíacos.
Dá para culpar os analgésicos?
Kevin McConway, professor emérito de estatística da Open University, no Reino Unido, questionou aspectos do estudo. Ele cita o exemplo de alguém que sofre com dor intensa e é medicado com altas doses de analgésico, e, então, tem um ataque do coração na semana seguinte ao início do uso do medicamento.
"Vai ser bem difícil dizer se o ataque cardíaco foi causado pelo analgésico ou pelo o que quer que tenha levado à prescrição do medicamento. Pode até ser uma outra coisa completamente diferente", afirma.
O professor McConway salienta que fatores como fumo e obesidade também podem estar por trás do risco de ataques do coração nas pessoas focadas no estudo.

O que os pacientes devem fazer?
Médicos estão cientes de que estudos anteriores já indicavam que anti-inflamatórios não esteroides podem aumentar o risco de problemas do coração e de derrames.
Atualmente no Reino Unido, por exemplo, há a recomendação de usar com cautela esses medicamentos em pacientes com problemas cardíacos. Em alguns casos, como em pacientes com falência cardíaca, esses remédios não podem ser receitados sob hipótese alguma.
Mike Knapton, da British Heart Foundation, sugere que pacientes e médicos avaliem riscos e benefícios relacionados ao uso de elevadas doses desses analgésicos convencionais, em especial nos casos dos que já tiveram um ataque cardíaco ou que têm risco em potencial.
A médica e professora Helen Stokes-Lampard, por sua vez, afirma que qualquer decisão de prescrever esse tipo de medicamento precisa se basear no prontuário do paciente e em circunstâncias individuais, que precisam ser revisadas periodicamente.
Ela diz que o uso deles em pessoas com dores crônicas já está sendo reduzido e que alguns dos medicamentos testados na pesquisa (como celecoxibe) já não mais são prescritos no Reino Unido. "Sabe-se que o uso prolongado pode provocar efeitos colaterais sérios em alguns pacientes", afirma Stokes-Lampard

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