quinta-feira, 11 de maio de 2017

Lula e a raiz de todo mal


Durante suas campanhas presidenciais Lula chamou Sarney de ladrão e Itamar de filho da ****. Já eleito, quando explodiu o escândalo das nomeações secretas no Senado e o coronel do Maranhão estava para ser cassado, ele saiu em sua defesa dizendo: "Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."
Ontem, durante depoimento a Moro, em Curitiba, Lula disse: “Um político não é julgado pelo Código Penal. Um político é julgado pelo povo. E eu já fui várias vezes julgado pelo povo”.
Um dos motivos de minha decepção com o PT é este desrespeito institucional. Esta ideia paternalista, patrimonialista, dos políticos brasileiros- não é só de Lula- é a raiz de todo mal de nossa política. Nossos representantes acreditam que a execução de qualquer obra ou avanço social, ainda que temporário, é um ato de favor, uma concessão ao povo e não o dever de todo administrador. Estas ações funcionariam como um salvo conduto para atos criminosas, um vale-night para cair na farra com o dinheiro público, tornando-os inimputáveis.

Esta concepção arcaica, oportunista, totalmente invertida da relação política está incorporada inclusive por muitos cidadãos, de forma subliminar, de tão rotineira. Falta-nos a concepção de que o ocupante do poder é um funcionário nosso, de que o governo é algo criado pelo povo com o objetivo de oferecer-lhe o máximo incomodando-lhe o mínimo e não o contrário, como acontece no Brasil.
Eleição não é atestado de idoneidade, nem de conduta moral. Fosse assim, aboliríamos todas as instâncias fiscalizadoras porque seriam obsoletas. Nosso grau de reverência e adulação diante dos políticos é um atestado indiscutível de nosso atraso social e do imenso abismo que nos separa das democracias mais avançadas. Lula, ontem, apenas externou sua compreensão de estado e ética pública.

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