quinta-feira, 11 de maio de 2017

Médico testa na prática por que dormir menos aumenta o apetite



O apresentador da BBC e médico Michael Mosley recrutou voluntários saudáveis para um documentário sobre o sono. A ideia era entender o que ocorre com o nível de açúcar no sangue em diferentes situações.

Como Mosley também tem seus problemas de sono, resolveu participar da pesquisa como voluntário. No texto abaixo, ele conta o que aprendeu com a experiência:

Eu sofro de um pouco de insônia e sei que quando não consigo dormir ao menos sete horas eu me sinto cansado e irritado.

Também já percebi que uma noite de sono ruim afeta minha memória. A relação entre o sono e a memória não é nova e a única teoria plausível é que durante o sono nosso cérebro transforma algumas lembranças de curto prazo, coletadas naquele dia, em uma espécie de arquivo de longo prazo, liberando espaço para mais memórias.

Então se você não pega no sono pesado o suficiente, essas memórias serão perdidas.

Independentemente de essa teoria estar certa ou não, ter uma boa noite de sono é particularmente importante para estudantes que estão fazendo revisões para provas - melhor do que ficar acordado se preparando.

Mas o que realmente me surpreendeu, enquanto fazia o documentário The Truth about Sleep ('A Verdade sobre o Sono', em tradução livre) para a BBC, foi descobrir o quanto uma péssima noite de sono pode afetar a quantidade de açúcar no sangue e a fome, até em voluntários saudáveis.

Para entender melhor essa relação, pedimos ajuda à médica Eleanor Scott, que trabalha na Universidade de Leeds, na Inglaterra.

Recrutamos um grupo de voluntários saudáveis e, com a supervisão dela, fizemos um monitoramento das atividades e da glicose deles a cada cinco minutos para entender o que acontecia com o nível de açúcar no sangue.

Depois, pedimos que os voluntários dormissem normalmente por duas noites. Depois, que fossem para a cama três horas mais tarde do que o normal, e em seguida passassem duas noites em que dormindo quanto quisessem.

Naturalmente, como um homem que gosta de novas experiências, eu decidi participar. E posso dizer que não é nada agradável ficar acordado quando você não quer e quando todos em sua casa já estão dormindo.

Foi uma surpresa desagradável saber quanto meus níveis de açúcar subiram nos dias em que tive que me privar do sono, e quanto isso me fez ficar faminto.

O mesmo aconteceu com os outros voluntários. Quando nos encontramos com a médica para pegar os resultados, todos reclamaram de aumento de apetite.

Um deles chegou a falar: "Eu queria muitos biscoitos, não um só. Eu comeria uns dez. E cheguei a escrever no meu diário o dia em que comi dez bolachas recheadas".

"Isso não é normal?", perguntei.

"Certamente não é normal para um café da manhã", ele respondeu. 
Leia matéria completa no BBCBrasil.



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