As más notícias aparecem diariamente tanto
no varejo como no atacado. A crise econômica e a falência do emprego têm levado
a uma retração que pode ser medida das mais diversas formas: fabricou-se menos
cerveja, reduziu-se a venda de combustível, caiu a fabricação de caminhões, a
rede varejista demitiu, a inflação chegou a 9%. Seja qual for a forma que você
quiser o único consenso que não pode ser negado é que a crise existe.
O país, no entanto, segue mal
administrado, sem comando, sem um líder com moral para reordenar a nação, ou
que não passe o dia a explicar as infinitas denúncias de corrupção de seu
partido. A fraqueza política confere inédito protagonismo ao Congresso - nem
sempre para o bem - e nos leva sem esperanças de um ano melhor. Aliás, a
falência do estado da Bahia, com o corte de verbas e falta de pagamento de
diversos setores é um exemplo disto.
A sociedade precisa economizar, exigir
austeridade do governo que ainda se comporta de forma perdulária e ir às ruas.
O pior está apenas começando.
Patrulhamentos, Zeca Camargo e a morte de Cristiano
Em 78, na plenitude do regime militar, o
cineasta Cacá Diegues cunhou o meme "patrulhamento ideológico". De lá
para cá o termo, como uma serpente do mal, deu filhos como o patrulhamento dos
politicamente corretos, das cotas, do ativismo gay, dos ciclistas, da
vitimização dos menores, dos imoladores da classe média e da elite branca, dos
apologistas da linguagem coloquial como igual à norma culta, dos defensores da
abolição do mérito, entre tantos outros.
Agora, viceja como erva daninha o que
chamo de "patrulhamento consensual" ou "patrulhamento
viral", pois é exercido via redes sociais e construído a partir de
consensos emocionais e efêmeros com base em temas que ”viralizam".
Um
exemplo é a enxurrada de agressões, desaforos, palavrões, xingamentos
homofóbicos, ditos ao apresentador da Globo, Zeca Camargo, porque ousou fazer
uma discussão mais profunda sobre a comoção nacional da simbólica morte do
cantor sertanejo, antes desconhecido, Cristiano Araújo.
Ouvindo a matéria, observamos que não há
ofensas pessoais ao morto, mas uma opinião sobre a dimensão musical que o
referido cantor tinha e se a comoção que aconteceu reflete mais a necessidade
de uma catarse coletiva ou um real sentimento, visto que a maioria não o
conhecia.
Vejam
que ele fala sobre cobertura da mídia x comoção x expressão musical nacional ou
cultura e não da perda do indivíduo per si, do humano. O texto, com questões
comportamentais, em nível acima do adequado para a TV, não pode ser
interpretado de forma ligeira.
Apesar disto, chega a ser assustador ler
os comentários e a agressividade. As mesmas pessoas que lamentam a morte do
cantor, contraditoriamente, desejam a morte do jornalista com toda ira e a
música sertaneja é alçada ao panteão dos intocáveis. A verdade é que pode-se
discordar da opinião dele, pode-se achar que a relevância musical do sertanejo
é maior - trata-se de gosto individual -, mas ofensa pessoal não é resposta a
uma crítica de gênero musical, ou sobre o momento cultural que vivemos, afinal,
é disso que trata o texto de Zeca Camargo.
A verdadeira liberdade é quando
respeitamos o outro quando ele diz coisas que não gostamos.
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