sexta-feira, 10 de julho de 2015

Crise financeira

As más notícias aparecem diariamente tanto no varejo como no atacado. A crise econômica e a falência do emprego têm levado a uma retração que pode ser medida das mais diversas formas: fabricou-se menos cerveja, reduziu-se a venda de combustível, caiu a fabricação de caminhões, a rede varejista demitiu, a inflação chegou a 9%. Seja qual for a forma que você quiser o único consenso que não pode ser negado é que a crise existe.
O país, no entanto, segue mal administrado, sem comando, sem um líder com moral para reordenar a nação, ou que não passe o dia a explicar as infinitas denúncias de corrupção de seu partido. A fraqueza política confere inédito protagonismo ao Congresso - nem sempre para o bem - e nos leva sem esperanças de um ano melhor. Aliás, a falência do estado da Bahia, com o corte de verbas e falta de pagamento de diversos setores é um exemplo disto.
A sociedade precisa economizar, exigir austeridade do governo que ainda se comporta de forma perdulária e ir às ruas. O pior está apenas começando. 

Patrulhamentos, Zeca Camargo e a morte de Cristiano

Em 78, na plenitude do regime militar, o cineasta Cacá Diegues cunhou o meme "patrulhamento ideológico". De lá para cá o termo, como uma serpente do mal, deu filhos como o patrulhamento dos politicamente corretos, das cotas, do ativismo gay, dos ciclistas, da vitimização dos menores, dos imoladores da classe média e da elite branca, dos apologistas da linguagem coloquial como igual à norma culta, dos defensores da abolição do mérito, entre tantos outros.
Agora, viceja como erva daninha o que chamo de "patrulhamento consensual" ou "patrulhamento viral", pois é exercido via redes sociais e construído a partir de consensos emocionais e efêmeros com base em temas que ”viralizam".
Um exemplo é a enxurrada de agressões, desaforos, palavrões, xingamentos homofóbicos, ditos ao apresentador da Globo, Zeca Camargo, porque ousou fazer uma discussão mais profunda sobre a comoção nacional da simbólica morte do cantor sertanejo, antes desconhecido, Cristiano Araújo.
Ouvindo a matéria, observamos que não há ofensas pessoais ao morto, mas uma opinião sobre a dimensão musical que o referido cantor tinha e se a comoção que aconteceu reflete mais a necessidade de uma catarse coletiva ou um real sentimento, visto que a maioria não o conhecia.
Vejam que ele fala sobre cobertura da mídia x comoção x expressão musical nacional ou cultura e não da perda do indivíduo per si, do humano. O texto, com questões comportamentais, em nível acima do adequado para a TV, não pode ser interpretado de forma ligeira.
Apesar disto, chega a ser assustador ler os comentários e a agressividade. As mesmas pessoas que lamentam a morte do cantor, contraditoriamente, desejam a morte do jornalista com toda ira e a música sertaneja é alçada ao panteão dos intocáveis. A verdade é que pode-se discordar da opinião dele, pode-se achar que a relevância musical do sertanejo é maior - trata-se de gosto individual -, mas ofensa pessoal não é resposta a uma crítica de gênero musical, ou sobre o momento cultural que vivemos, afinal, é disso que trata o texto de Zeca Camargo.
A verdadeira liberdade é quando respeitamos o outro quando ele diz coisas que não gostamos.

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