Numa mesa de bar onde se conversava
sobre música eu perguntei se alguém sabia se o poema de Rui Guerra que
entremeia a canção Fado Tropical, de Chico Buarque, seria um soneto. Um amigo
respondeu: “Não sei. Mas, que importância tem isso”? Respondi-lhe que não tinha
importância ou utilidade, afora o fato de satisfazer a minha curiosidade.
Afinal, quem está se importando com poemas, canções, melodia, neste Brasil de
“arrochos e sofrências pagodeiras”?
Há muito tenho evitado tratar de coisas
sérias nesta terra dominada por moleques, ladrões e assassinos. Se para a
maioria das pessoas assuntos como educação, saúde, segurança, entre outros da
competência pública, não são levados a sério, que importância teria então
cultura e arte? Direitos, deveres, respeito ao próximo, são temas esquecidos. E
quem ainda fala sobre estas coisas é “otário”.
Mas confesso que fico feliz quando alguém aparece em nossa casa para um
dedinho de prosa sobre cultura e arte.
Neste minúsculo universo paralelo em
que meu lar se transformou, eu faço um pequeno esforço para preservar alguns
valores esquecidos para evitar que também nos transformemos em selvagens
ignorantes. Escrevo e publico textos que poucas pessoas leem e menos ainda
entendem e, por isso mesmo, ainda fazem troça. Através de CDs e DVDs tenho
passado para amigos documentários, livros, músicas e videoclipes na vã
esperança de disseminar e preservar o conhecimento, a cultura e a arte que
estamos perdendo a passos largos.
Num desses esforços compilei em sete
CDs músicas nacionais gravadas do início ao final do século passado. Também
reuni em DVD cem videoclipes de artistas internacionais, também do século
passado. Quem sabe estes registros não fiquem dormindo em algum baú empoeirado
até que um dia alguém os resgate e valorize. Alguém que bem poderia me
esclarecer se aquele poema de Rui Guerra é ou não um soneto.
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