Acomodado no berço esplêndido em que os
corruptos e corruptores gozavam de uma impunidade senhorial e um jurídico com
drama psicológico que não ousava punir, famosos advogados que usufruíam da
presunção de influência mais do que da presunção de inocência, viram-se
surpreendidos por visões atualizadas do Direito, trazidas inicialmente por
Joaquim Barbosa e, agora, por Sérgio Moro.
Patriarcais e, em parte, acomodados, estes
juristas viram seu poder esfacelar-se e muitos serem substituídos por advogados
mais novos, mais antenados com as novas facetas do Direito.
É tolice imaginar que Sergio Moro esteja
reinventando a roda e que não haja no mundo jurídico experiências que lhe dêem
sustentação. Não fosse assim as centenas de habeas-corpus dos acusados da Lava
Jato teriam surtido efeito imediato. Do mesmo modo o grupo de procuradores do
Ministério Público tem referendado todas as acusações e o STF validado os
acordos de delação premiada, um instrumento útil e legal, já elogiado por nossa
presidente.
Não podemos torcer a realidade ao gosto de
nossa vontade. É possível que em uma operação deste tamanho pontualmente haja
medida que extrapole algum limite - ainda que passível de discussão sempre -,
mas insignificante diante de sua magnitude. As teses mais novas do Direito têm
sido empregadas com eficiência em favor do Estado e isto é algo que temos de
levar em conta. Não há ranços, pelo menos não em quem tem melhor compreensão,
contra os ricos. Acontece que estes ricos empreiteiros, alguns com imagem de
grandes construtores, fizeram megafortunas à sombra do poder público e o
noticiário sempre foi farto em colocar seus nomes no centro de uma quantidade
infinita de fraudes. Apostavam na roleta russa achando que nunca haveria uma
bala na agulha. Não podem reclamar.
O ajuste é mais que natural que aconteça
especialmente porque neste período petista houve perda de qualquer limite
operacional. Ou como se diz no popular: juntou-se a fome com a vontade de
comer. No mais, é só choro de quem alega ser virgem em casa de tolerância.
Por outro lado, é bobagem acreditar que a
corrupção será banida do Estado. Esta esperança cabe apenas aos tolos. O que
haverá é uma reordenação do sistema, adoção de limites menos desenfreados e uma
ação judicial que se tornará mais efetiva impondo mais riscos e punições.
E o mundo dos negócios seguirá.
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