segunda-feira, 27 de junho de 2016

O que podemos aprender com o inemuri, o costume japonês de dormir em qualquer lugar

Os japoneses não dormem. Isso é o que muitos - especialmente os japoneses - dizem.
Não é verdade, claro. Mas é algo bem interessante como declaração cultural e sociológica. Conheci essa atitude intrigante durante minha primeira estada no Japão, no final da década de 1980. Naquele momento o país vivia a chamada bolha econômica, e estava no auge da especulação financeira e imobiliária.
A vida cotidiana era agitada. As pessoas enchiam suas agendas com encontros de trabalho e lazer e quase não tinham tempo para dormir.
Um slogan popular de propaganda resumia aquele estilo de vida, ao exaltar os benefícios de uma bebida energética: "Você consegue lutar por 24 horas? Homem de negócios! Homem de negócios! Homem de negócios japonês! "Muitos reclamavam:  "Nós, japoneses, somos loucos por trabalhar tanto!". Mas essas queixas revelavam certo senso de orgulho de ser mais aplicado e moralmente superior ao resto da humanidade.
Mas, ao mesmo tempo, eu notava inúmeras pessoas dormindo no metrô durante minhas viagens diárias. Alguns até dormiam de pé, e ninguém parecia se surpreender com isso. Aquela atitude me pareceu contraditória. A imagem positiva da abelha operária, que reduz o sono ao mínimo à noite e evita dormir até mais tarde pela manhã, parecia ser acompanhada por uma tolerância excessiva ao chamado "inemuri" - sonecas durante o transporte público, reuniões, aulas e afins.
Mulheres, homens e crianças aparentemente não se inibiam em cair no sono quando e onde tivessem vontade. Se dormir numa cama ou num futon era visto como sinal de preguiça, porque então dormir no trabalho ou durante um evento não era uma expressão ainda maior de indolência?
Essas impressões e aparentes contradições motivaram meu maior envolvimento com o tema do sono, anos depois, em meu projeto de doutorado.

Click no link e leia matéria completa no BBC (por Brigitte Steger Especial para a BBC Future)



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