"Se abrir (o comércio) de vez, o
isolamento cair total, esse número triplica". A declaração é de Miguel
Nicolelis, coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, sobre
o momento da pandemia de coronavírus em Feira de Santana. Ele foi
entrevistado pela jornalista Jéssica Senra durante o Bahia Meio Dia de
ontem, 1, no jornalístico transmitido pela TV Subaé. Segundo dados
estatísticos referentes a Covid-19, Feira de Santana apresentou aumento
de 185% em 14 dias, medidos até sexta feira passada.
A preocupação do especialista é
compartilhada pelo prefeito Colbert Martins Filho, que prorrogou
decreto determinando restrições para o funcionamento do comércio no
município. Até o dia 8 de junho, apenas estabelecimentos que atuam na
venda e prestação de serviços considerados essenciais podem funcionar.
"Estamos em sincronia com o que preconiza a ciência. Lamentamos
profundamente ter que manter empresas fechadas, mas é um mal necessário
neste momento".
Segundo o prefeito, "abir de vez" o
comércio não está nos planos de Feira de Santana. Ele diz que quando
chegar o instante adequado, o que pode haver é uma flexibilização
gradativa. No entanto, ainda não existem previsões. "Depende
fundamentalmente do recuo estatístico e da disponibilidade de leitos no
nosso município. Temos um quadro sob controle, para o porte da cidade e o
seu entroncamento rodoviário, graças a ação articulada de todos os
órgãos governamentais".
Niconelis, que é médico e cientista, diz
que a sugestão sobre manter restrições no funcionamento de atividades
comerciais vale também para os municípios de Vitória da Conquista,
Itabuna, Ilhéus e Juazeiro, que apresentam crescimento do número de
casos. "O quadro preocupa demais o comitê. Nós temos que monitorar,
sem dúvida nenhuma. A sugestão é que se tenha um pouco mais de cautela
nesta possibilidade de abrir comércio".
O integrante do Comitê Científico diz
que não basta os gestores estarem preocupados em salvar vidas, tentar
criar medidas, estabelecer por decreto, "se a sociedade não ajudar e não
entender a gravidade do momento que a gente passa no Brasil e no
Nordeste especificamente, obedecer as determinações". Defende rigorosa
fiscalização pelos municípios as medidas deliberadas.
O especialista adverte que se os números
continuam crescendo, exponencialmente, o sistema de saúde começa a
ficar próximo de uma sobrecarga. Nesse caso, "você não tem opção, tem
criar o lockdown, como aconteceu na Espanha, Itália, França, Alemanha".
Esses países, ele lembra, "não ficaram (fechados) uma ou duas semanas,
mas dois meses, para conseguir achatar de vez a curva e evitar uma
catástrofe".
"Me imagino na posição de gestor, o
desespero de ver os números e tentar fazer algo, não conseguir fazer que
a população colabore", assinala Nicolelis. Para ele, o papel da mídia é
muito importante na busca pela conscientização das pessoas. "Ela deve
divulgar a relevância da situação".
O comitê de combate ao coronavírus
(covid-19) do Consórcio Nordeste tem o objetivo de propor medidas
articuladas entre estados e municípios da região Nordeste baseadas no
conhecimento científico.
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