segunda-feira, 8 de junho de 2015

DESPREZO

Segue completamente abandonado o trecho da pista de saída da Cesta do Povo do Ogunjá, por onde passam centenas de veículos por dia. Ou melhor, tentam passar. A buraqueira, que já é crônica, está pior ainda com as últimas chuvas. Os consertos são feitos de forma tão ruim que não duram nem um mês. E o pior é que a Transalvador dá plantão nas redondezas para flagrar quem usa a contramão a fim de evitar o caos na pista. É demais!

"A burocracia é um sistema gigantesco gerido por pigmeus." (Honoré de Balzac)

Caos e tortura da “repartição”
Há anos que a cidadã, herdeira de um imóvel no Centro Histórico de Salvador, mais precisamente no bairro de Santo Antônio, tenta resolver um problema de inventário.
A  etapa mais recente dessa luta contra a estúpida burocracia que reina neste país começou no dia 3 de fevereiro último, quando ela solicitou à Secretaria do Patrimônio da União, localizada no bairro do Comércio, uma certidão negativa do imóvel. Pediram que ela ligasse sempre para saber o andamento. Ela ligava, mas os telefones, pasmem, estavam sempre com defeito.
Saturada com a demora, ela foi pessoalmente, no dia 1º de junho último, e lá foi recebida pelo chefe da repartição, que garantiu que os telefones já estavam bons e pediu que ela voltasse a ligar, inclusive para o número direto da mesa dele. Ligou. E nada! Tudo “com defeito”.
Ora, é este o tratamento que o funcionário público dá ao cidadão brasileiro? Eles ganham bem, a maioria tem vínculo estável, e, principalmente, somos NÓS que pagamos os seus salários. Que coisa, hein?!

E por falar em funcionalismo (I)
O desdém pelo cidadão, na maioria das repartições públicas (sejam municipais, estaduais ou federais) é acintoso.
Somos encarados – ou mal encarados, para dizer melhor – como um  estorvo, um problema para quem está atendendo.
É raro, muito raro, ser recebido por alguém que não seja boçal, prepotente, mesmo funcionários hierarquicamente mais baixos.

E por falar em funcionalismo (II)
Não tenho medo de dizer isso nem temo que me atendam pior porque torno pública esta situação que   TODOS conhecem. Pior do que me atendem, no mais das vezes, é impossível.
Mas faço questão de lembrar, sempre, uma coisa da qual as ditas autoridades brasileiras, em todos os níveis, de presidente a vereador, passando por governadores, deputados, prefeitos etc., se esqueceram: elas são nossos EMPREGADOS, pois pagamos seus salários. E têm que nos atender de maneira perfeita. Só isso.

E por falar em funcionalismo (III)
Só para encerrar, há o exemplo clássico das demanda feitas às prefeituras. Uma simples poda de árvore ou troca de uma bizarra lâmpada transformam-se numa cascata de estresse, pedidos em cima de pedidos, que levam meses para serem atendidos. Ah, chega, né?

Um exemplo a seguir
Assisti, ontem, o excelente filme Falcone, que conta a história do juiz italiano Giovanni Falcone, que, na década de 1970, lutou bravamente contra a máfia na Itália e, após vencer parcialmente, viu seu trabalho, em Palermo, ir por água abaixo por causa do escandaloso comprometimento de políticos e juízes com a máfia, e acabou sendo assassinado.
Em certa cena, um colega (que também foi morto), perguntou por que ele não tinha filhos,  embora casado. E Falcone respondeu:
“Devemos trazer filhos ao mundo, não órfãos”.
Qualquer semelhança com o Brasil de hoje e sua violência não será mera coincidência.

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