O clube feirense já nasceu com o nome
errado. Mas eu até entendo. Naquela época os clubes do eixo Rio São Paulo
inspiravam os torcedores e desportistas do resto do País. E tome-lhe Botafogo,
Vasco, Corinthians, e o escambau do Ovo da Ema. Tem Flamengo até no Piauí.
Então, vá lá que seja o Fluminense de Feira Futebol Clube. Quando eu era
criança eu até ia pro Jóia da Princesa com meus irmãos e amigos assistir e
torcer pelo clube da “terrinha”, embora eu gostasse mesmo era do Esporte Clube
Bahia.
Aqui em Feira tinha, e até ressuscitaram
recentemente, o “Bahia de Feira, grande rival do Fluminense. Era divertido. Era
o melhor programa domingueiro da cidade. Curar a ressaca das boates de sábado
nas piscinas dos clubes sociais e, após o almoço com a família, ir ao estádio
assistir aos jogos do Fluminense que, com méritos, conquistou dois títulos
estaduais.
Em meados dos anos 80, surgiu uma
oportunidade de soerguimento para o clube. O Empresário José Mendonça, que mantinha
aqui em Feira uma rede de supermercados, foi convidado a participar da vida do
clube. E ele não se fez de rogado. Àquela época a empresa italiana Parmalat,
financiava a equipe do Parma, na Itália, e a do Palmeiras, aqui no Brasil.
Ambas equipes brilhavam nos torneios que disputavam e seus jogadores integravam
as seleções dos seus países.
A rede de supermercados Mendonça era
cliente da Parmalat, e José Mendonça começou a entabular negociações para que a
Parmalat viesse a financiar o Fluminense de Feira. Era um sonho até então
considerado impossível. Seria o soerguimento definitivo. Dali em diante o
Fluminense figuraria entre os grandes clubes do Brasil. Porém, os italianos
queriam, é claro, que José Mendonça fosse o gestor do clube, representante dos
interesses da Parmalat na Bahia. Todos aceitaram, é claro, que José Mendonça
fosse o presidente do clube, mas, a diretoria permaneceria a mesma. Ele não
teria o direito de nomear seus diretores. Mendonça, que de besta só tem a cara,
não aceitou e morreu a grande oportunidade do Fluminense sair da petição de
miséria em que se encontrava.
Vieram os anos 90, entramos no novo
milênio e o clube ia de mal a pior. Não faltaram campanhas, doações de
patrimônio, jogadores da base vendidos, e nunca o clube se erguia sem que
ninguém soubesse onde ia o dinheiro. O então deputado Tarcízio Pimenta assumiu
a presidência do clube e focou sua administração do saneamento das dívidas,
principalmente as trabalhistas. Quando deixou a presidência, das mais de 30
questões trabalhistas, restavam apenas quatro para serem resolvidas. Seis meses
depois já havia mais uma carrada de questões trabalhistas pendentes. Um terreno
doado ao clube, situado às margens do rio Jacuípe, nunca foi ocupado e acabou
invadido e está em questão até os dias de hoje.
Entramos no terceiro milênio, e o
professor e empresário Jodilton Souza resolveu investir no Fluminense. Fez
algumas contratações e a equipe parecia estar se acertando. Porém, incentivados
por adversários e políticos que queriam assumir o clube para usá-lo como moeda
de troca por votos, torcedores começaram a hostilizar Jodilton. Posicionavam-se
em frente ao setor de cadeiras e tribunas, e de lá xingavam o empresário.
Jodilton, que não tem sangue de barata, deixou o clube. “Estou com meu dinheiro
no clube, e me chamam de ladrão”? – Queixou-se ele comigo certo dia. Deixou o
Fluminense, comprou a Associação Desportiva Bahia de Feira, venceu o torneio de
acesso e no primeiro campeonato da primeira divisão que disputou, foi campeão.
Poucos anos depois o Fluminense foi rebaixado à segunda divisão.
Este ano ele conquistou o direito de
voltar à primeira divisão do campeonato Baiano. Acredito em Gerinaldo, Luiz
Paolilo e outros abnegados, verdadeiros torcedores, que tomaram as rédeas do
clube e o levaram a esta conquista. Mas existem forças ocultas que corroem os
alicerces do clube e não o deixam crescer. E contra elas, ser honesto não é
suficiente. É preciso identifica-las e não ter medo de expurga-las da vida do
clube de uma vez por todas. Se isso não for feito, o Fluminense nunca será
grande.
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