Eu conheço pessoas que trabalham pesado
para minorar o sofrimento dos seus semelhantes, outras que se dedicam a
projetos sociais de cultura e arte, formação de mão de obras, entre outros
meios de inclusão social, e que nunca são observadas pela sociedade e, ao
contrário, muitas vezes são criticadas, caluniadas e hostilizadas,
principalmente por quem deveria e poderia fazer, mas nada faz. Mas basta
aparecer num programa de TV, mesmo por razões menores e fúteis até, para virar
celebridade e passar a ser assediada, imitada e bajulada por oportunistas de
todos os naipes.
Não tiro o mérito de quem fez por
merecer, mas me dá nojo a ação dos caronistas, dos punguistas sociais, que se
aproximam da pessoa em foco oferecendo préstimos com o único intuito de tirar
proveito da visibilidade alcançada por aquela, ainda que momentânea. Dizem por
aí que sou grosso e mal educado. Mas a verdade é que eu sei reconhecer um
oportunista quando vejo um, e em sendo eu um jornalista muito conhecido na
cidade, não faltam picaretas tentando se aproximar de mim para tirar algum
proveito do meu bom nome. Nesses casos, eu sou grosso, mal-educado, estúpido
mesmo. Um pedaço de cavalo batizado. Mas quem bateu à minha porta com uma
demanda justa, só não foi atendido se eu não tivesse mesmo como fazê-lo.
Mas essa lengalenga toda é para falar
do garoto que apareceu no programa do Faustão e que quer montar uma biblioteca
no vizinho município de Santanópolis. Só tenho aplausos para a atitude dele e
para aqueles que querem ajuda-lo neste mister. Contudo, tenho duas observações
a fazer: A primeira é que, por experiência própria, descobri que ninguém mais
está interessado em ler livros. Dizem que é por causa do computador. Mas
através do computador se tem acesso a grandes bibliotecas, a um sem número de livros
disponibilizados, pra fazer download ou simplesmente ler, e poucos estão
acessando. Hoje em dia se pode ler livros até no celular.
A
segunda observação é que Feira de Santana é uma cidade sem memória. A nossa
história recente não está documentada. Até já me propus a participar de um
projeto neste sentido (agora não posso mais), mas gostaria de ver essa energia,
essa vontade, esse esforço coletivo demonstrado em ajudar o garoto de
Santanópolis, voltados também para projetos na nossa cidade, sem que haja
necessidade de aparecer na TV. Será que é pedir demais?
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