Enterprise.
Sala de comando. Luzes piscam. Respiradores soam como sonares da vida. São a
trilha sonora da ambiguidade tecnológica que busca a vida, mas prenuncia a
morte. O comandante sereno busca soluções para o excesso de passageiros. Sem
cápsulas de sobrevivência disponíveis na cidade. Todas lotadas. Um paciente
jovem luta pela vida. Parece loucura, mas a tristeza da morte de uma passageira
idosa com 83 anos é a esperança de vida para o rapaz. Triste ou alegre? Não
consigo separar, compartimentalizar nada mais. O comandante consegue a vaga,
mas, para desespero a única ambulância do Samu não está preparada para o
transporte. Mas são 6 meses de pandemia, 2 de isolamento e não temos ainda
transporte adequado nem suficiente? Depois de 2h de briga conseguimos a
transferência. Mas só essa. Base em terra cheia. Nova base inaugurando. Nossa
nave a estrela da morte? Não SOS Enterprise.
Ou será SOS FSA?
É eu continuo sem sono...
Seria bom ter sido apenas um sonho de ficção!
Kleber San Galo Curvelo
- médico
Um comentário:
Põ, Klebão, a analogia com a Enterprise foi ótima, e eu me lembrei do meu pós operatório do coração, no hospital Santa Isabel. Só quem passou por ali pode entender do que vc está falando. Terrível para médios, imaginem para pacientes. Se eu não gostaria d de estar em seu lugar, creio que vc também não gostaria de estar no meu. Mas, se eu me sinto feliz por teer um amigo como vc, imagino como seu pai, lá onde ele está, não deve estar orgulhoso. Parabéms amigo, pela sua sensibilidade, coragem e humanismo.
Postar um comentário