quarta-feira, 3 de junho de 2020

E você? Como está diante de tudo isso?

Rosângela Santos, leitora do escritor Maurício de Castro, diz que ele escrevera sobre a causa da pandemia em 2017. "Hoje, relendo o texto que fiz há três anos, penso mesmo que pode ser verdade. E vocês concordam?" Leiam o texto na íntegra abaixo:
"Quando a gente anda pelas ruas vemos as pessoas passarem apressadas, com semblantes fechados, rostos compungidos, parecendo angustiadas, ansiosas, preocupadas e presas em algum problema. É raro encontrarmos alguém com o semblante alegre, a fisionomia distendida e um sorriso nos lábios.
Aconteceu alguma coisa com o mundo que eu não sei bem explicar o que é, mas houve algo que o transformou para pior. Mesmo sabendo que é apenas uma fase, que é um processo de transição, eu não gosto de ver o mundo como está.
As pessoas mudaram, perderam a simplicidade e com ela a autenticidade. O materialismo chegou a um ponto absurdo e as pessoas lutam para ter e manter as aparências, para acompanhar o ritmo frenético do mundo moderno, que sempre exige mais e mais sem nunca se satisfazer.
As pessoas vivem competindo entre si a todo momento, não apenas no trabalho, mas na família, entre os amigos e em todos os lugares que vão. É sempre um querendo ser melhor que o outro, mesmo que para isso usem da mentira e da fantasia.
Nunca houve tanta gente contando vantagem como agora, mas apenas contam, pois na maioria das vezes não as tem de verdade. É a luta para aparecer e se destacar.
Os jovens não tem aquela alegria autêntica que víamos nas juventudes passadas. O excesso da tecnologia, o acúmulo de informações, a falta de contato com a natureza, o apelo de uma sociedade materialista, discriminatória, competitiva, falsa e preconceituosa, tira a autenticidade e a espontaneidade dos jovens que, tristes e vazios, estão se afundando cada vez mais no uso de drogas. É que, infelizmente, a droga preenche o vazio que o mundo moderno lhes causa.
Mas não são só os jovens. Parece que hoje há uma "obrigação" das pessoas em estarem informadas o tempo inteiro, todos querem opinar, passar em primeira mão as notícias e com isso afundam-se na internet, nos grupos de whatssapp e vivem mergulhadas nisso o tempo inteiro. Muitas vezes precisamos chegar perto e sacudir a pessoa para que ela preste atenção no que estamos falando.
E Deus? E a espiritualidade? E a alma que precisa de alimento? Onde ficam?
Se houvesse menos tecnologia e mais diálogo, menos informações e mais sabedoria, menos competição e mais progresso interior, menos interesse e mais amor, tenho certeza que o mundo não estaria assim.
E você? Como está diante de tudo isso? Onde você se encaixa? Em quê pode mudar? Como sua mudança pode ajudar a mudar o mundo? Vamos refletir".

Mauricio de Castro em janeiro de 2017

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