terça-feira, 22 de março de 2016

Olimpíada ameaça imagem do Brasil mais do que crise, afirma criador de ranking

Quem ameaça a reputação do Brasil no exterior hoje não é a crise política e econômica, mas os Jogos Olímpicos do Rio.
Para o consultor britânico Simon Anholt, referência mundial em pesquisas sobre imagem internacional de países, problemas internos não costumam afetar a percepção geral do público de fora sobre determinada nação.
O potencial maior de dano à "marca Brasil", avalia, está no possível "choque de realidade" decorrente da exposição massiva, com a Olimpíada, de problemas locais como desigualdade e violência – fenômeno que ele detectou na Copa do Mundo de 2014.
"(Na Copa de 2014) O Brasil tinha uma situação parecida (com a da África do Sul em 2010). Todos pensavam que o país era moderno, desenvolvido. Vieram horas e horas de transmissão e cobertura da mídia sobre problemas sociais, protestos, crimes", afirmou Anholt à BBC Brasil.
"O público se deu conta que era um país em desenvolvimento, e corrigiram aquela visão irrealista, foi um passo atrás. Acho que a Olimpíada será mais um pequeno passo para trás (na imagem do país no exterior)", completou.
Criador do conceito de marcas de países (nation branding) e de metodologias para medir a reputação de nações pelo mundo, Anholt produz desde 2005 o chamado Nation Brands Index (NBI), uma pesquisa global de opinião (20,3 mil entrevistas na edição 2015) que mede a imagem de 50 países em aspectos como governança, cultura e população.
O Brasil é o país em desenvolvimento que mais avançou no índice desde sua criação, e ficou em 20º na edição mais recente do ranking, acima de Rússia e Islândia e logo abaixo de Bélgica e Irlanda – o país tem se mantido estável nessa posição desde 2009.
"O NBI é a pesquisa mais chata já criada", brinca Anholt. "Basicamente, ela nunca muda. Isso porque a maioria das pessoas, quando falamos de opinião pública em geral, não pensa muito sobre outros países. As opiniões são bem consolidadas. Quando mudam, tendem a mudar pouco e em escala reduzida", afirma o consultor.

Impacto da crise
Quando o assunto é imagem de um país no exterior, diz Anholt, é preciso distinguir a percepção de públicos elitizados, como investidores, diplomatas e jornalistas, da visão da população em geral.
Nesse sentido, avalia, o mau momento do Brasil de hoje não deverá ter impacto significativo sobre a imagem do país, conjunto de atributos que podem influenciar, por exemplo, o poder de negociação de uma nação em transações comerciais.
"Muitos acham que as imagens dos países estão em constante mudança: você tem um escândalo envolvendo um ex-presidente e de repente todos odeiam seu país, mas não funciona dessa maneira. Pessoas leem essas coisas e as esquecem após 15 segundos", diz.
Nem a recessão, que caminha para ser a pior já medida na história do país, com queda do PIB projetada em 8,7% para 11 trimestres a serem encerrados em dezembro deste ano, deverá afetar o desempenho da "marca Brasil", estima Anholt.

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