Mesmo
ditadores que levaram 20 anos no poder não conseguiram desviar a quantidade de
dinheiro que a Lava-jato já bloqueou na Suíça, desviada da Petrobrás. É um
recorde em toda história do país europeu. Se considerarmos que há dinheiro em
vários outros paraísos fiscais chega a ser aterrorizante imaginar a quantidade
de recursos roubados dos brasileiros pagadores de impostos. A tabela abaixo,
publicada no Facebook pelo procurador Vladimir Aras, do MPF, é indiscutível e
clara.
Moro
As
gravações que Moro fez são legais. Lula é um cidadão comum. O que foi gravado
duas horas depois já foi aceito pelo Supremo no processo do Mensalão. Evidente
que Moro não foi muito ortodoxo ao suspender o sigilo dos áudios de Dilma, que
não foi grampeada, mas a tese merece discussão entre a obrigação de deter um
crime em andamento (a obstrução) e a prerrogativa do foro privilegiado.
O
que não cabia é a liberação de áudios de conversas pessoais, familiares,
íntimas, de não investigados (nora, amigo) tradicionalmente protegidas na lei.
Evidente que os lados irão se opor até que o STF considere as provas válidas ou
não.
Odebrecht
O
cerco à empresa e a descoberta de uma inacreditável e inédita central de
propina levou a sua direção a capitular e buscar a delação premiada e o acordo
de leniência.
Considerando
o grau de envolvimento na corrupção o depoimento de Marcelo Odebrecht deve
levar o caos político à sua suprema instância e colocar o Congresso em
pânico. Depois dele, não deve haver mais a ser contado.
Renan
O
Brasil passa por uma crise sem precedente causada pela bovina tolerância com a
corrupção. É um surrealismo tóxico causado por algum alucinógeno desconhecido,
porque só assim é possível entender como é que Renan, com nove, eu disse nove,
processos no STF preside o Senado. Não é possível acreditar.
Maluf
Como
se não bastasse Renan, Cunha, Paulo Maluf, condenado pela justiça da Suíça a
três anos de cadeia e procurado pela Interpol em 100 países, está na Comissão
que vai julgar o impeachment. É surrealismo alucinógeno. Não dá para acreditar.
Aécio
O
número de citações a Aécio Neves, entre delatores, já ultrapassa o limite do
acaso e exige que o MP abra uma investigação. Não poderá ser eterno este fingir
que nada foi dito, ou que não foi citado, antes que fique vergonhoso o
partidarismo judicial.
Obstrução
É
estarrecedor que a Presidente da República pratique obstrução judicial para
proteger Lula. Não lhe cabe, não lhe é permitido. Não se pode tornar o Brasil
uma terra sem lei.
O coxinha e o
mortadela
A dissonância cognitiva, mais que a
capacidade de análise é que faz com que muitos pratiquem o relativismo moral
que vivemos, para não abrir mão do idealismo juvenil ou do oportunismo adulto.
A dissonância mostra que reconhecer o
fracasso de um projeto ou ideia, causa sofrimento mental. Assim, preferem
evitar a ferida mortal de aceitar a falha, preferindo culpar terceiros ou
permanecer no discurso da negação.
É desta forma que aceitam os 10 milhões
de desempregados, as 100 mil lojas fechadas, o recuo da indústria em uma
década, a inflação de dois dígitos, a recessão (PIB negativo) por inéditos três
anos seguidos, os 40 ministérios barganhados (latifúndio improdutivo), o
aparelhamento incompetente da máquina pública, a tentativa de quebrar
moralmente a sociedade, o abandono do mérito.
Da mesma forma que tapam o nariz para os
mais de 20 ministros caídos por corrupção, dois tesoureiros do partido presos,
dois publicitários e dois ex-presidentes presos, além de deputados condenados,
um senador preso em pleno mandato, empreiteiros e funcionários já julgados e
condenados pelos negócios escusos com o governo.
Toleram o saque voraz à Petrobrás e aos
fundos de pensão. Engolem calados o “petrolão” e o “mensalão” praticado pela
“sofisticada quadrilha” no dizer do Procurador Geral ou pelos que queriam”
solapar a democracia” ao comprar sistematicamente o Congresso Nacional, no
dizer do decano Celso de Mello, do STF.
Comungam com o fracasso da saúde, da
educação, do combate à violência e às drogas, enquanto desmerecem uma babá que
trabalha. Ou vibram com estádios construídos em conluio com os empreiteiros
presos que repassam palestras falsas, doam cozinhas e elevadores privativos em
sítios e tríplex sem donos.
São obrigados a negar a lei gritando
“perseguição” ou “peguem o outro ladrão, que não inventei a corrupção” ao invés
de alegar inocência, ou negar os fatos gravados, delatados, ou os recursos
recuperados.
Toleram que um investigado seja nomeado
ministro claramente para obstruir a Justiça. Reclamam do vazamento de áudios,
como se fosse mais importante que os fatos.
Acusam ministros do STF de partidários,
mas só os que não comungam com sua cartilha, esquecendo os ex-funcionários.
Vivem do ressentimento e sequer assumem o estelionato eleitoral, enquanto
defendem uma política externa abjeta e criminosa como a bolivariana.
É gente que tolera que se chame
pejorativamente de “coxinha” aqueles que são, hoje, a maioria da Sociedade, mas
se indigna ferozmente com o “mortadela”.
Enquanto os brasileiros querem que o
país seja passado a limpo, pouco importando a filiação dos presos, praticam a
indignação seletiva, com a superioridade moral e intelectual dos que têm lado:
o lado cúmplice.
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