
Mais uma vez, estamos reinventando a roda e contrários ao mundo. Sem os
testes não podemos otimizar os recursos humanos dos profissionais de
saúde( são de alto risco, recebem carga maior de vírus, são grandes
transmissores) e esse é um mínimo de segurança e respeito que os
governos deveriam oferecer a quem está heroicamente na linha de frente.
Além disso, são mão de obra escassa e que não pode ser desperdiçada.
Um estudo publicado hoje na Nature Medicine sugere que até 44% das
contaminações acontecem na fase assintomática, portanto, os testes
permitiriam identificar os blocos de transmissão, vigiar grupos de
risco, determinar nossa taxa de imunidade atual e afrouxar ou
intensificar isolamentos.
Outro dado a ser considerado é a transparência com a população. É
doloroso uma família não saber o diagnóstico de uma familiar que morreu.
É do humano. E é injusto pedir aos brasileiros tamanho sacrifício se
não conhecemos os dados reais. O jornal Nacional de ontem mostrou casos
em que familiares foram enterrados com toda proteção , mas sem
diagnóstico final.
O Adolfo Lutz, em SP, tem 30 mil testes sem laudo, portanto, gente que
não foi tratado adequadamente, que se isolou sem necessidade, ou que
curou e está imune, sem sabermos. Vamos imaginar que tenhamos mais 30
mil no resto do país, e que 10%, 15%, das amostras sejam positivas,a
depender do Estado. Isso é importante para o planejamento e para
estimarmos o número de casos reais. Os 25.000 mil casos que temos são os
sintomáticos que foram confirmados e não os 86 :1 ( oitenta e seis para
um) que existem, como sugere o MS,
Por derradeiro, os governos correram a exibir seus leitos de UTI,
hospitais de campanha, respiradores - todos vitais-, e esqueceram de
exibir sua capacidade de fazer exame. Um nó crucial! O Brasil teve 60
dias antes da crise e o primeiro caso em 26/02. Há, apenas, 15 dias o
Ministro da Saúde anunciou que estava comprando testes ( doados pela
Vale) e ontem disse que VAI montar uma Central de Testes que amplie
nossa capacidade de exame. VAI montar? Para que pandemia ? A Covid 20?
Exigir do Brasil o sacrifício do confinamento sem dados completos ,
transparência, sem análise reais que permita administrar a pandemia, e
baseando-se apenas no fictício número de casos diários é confiar que não
tem iceberg nenhum nesse mar de imprecisão.
Precisamos estar à frente da pandemia e não ao seu reboque!
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