O
governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje (11) que São Paulo
vai produzir uma vacina contra o novo coronavírus. Isso será possível
por uma parceria que foi firmada ontem (10) entre o Instituto Butantan e
o laboratório chinês Sinovac Biotech. A vacina é inativada, ou seja,
contém apenas fragmentos do vírus mortos ou com baixa atividade. Com a
aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos
contra o agente causador da covid-19.
“Hoje é um dia histórico para São Paulo e
para o Brasil, assim como para a ciência mundial. O Instituto Butantan
fechou acordo de tecnologia com a gigante farmacêutica Sinovac Biotech
para a produção de vacina contra o coronavírus”, falou João Doria,
governador de São Paulo. “Essa vacina do Instituto Butantan é das mais
avançadas contra o coronavírus. E estudos indicam que ela estará
disponível no primeiro semestre do próximo ano, ou seja, até junho do
próximo ano. Com essa vacina poderemos imunizar milhões de brasileiros”,
acrescentou.
A vacina, chamada de CoronaVac, está em fase
adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de
testagem em humanos. “Um coronavírus é introduzido em uma célula do
tipo Vero. Essa célula é cultivada em laboratório. O vírus se
multiplica. No final, o vírus é inativado e incorporado na vacina, que
será aplicado na população”, explicou Dimas Covas, diretor do Instituto
Butantan. O investimento do Instituto Butantan para os estudos nessa
fase clínica é de R$ 85 milhões.
Segundo Dimas, há no mundo hoje 136 vacinas
contra o novo coronavírus em desenvolvimento, mas apenas dez delas
atingiram a etapa de estudos clínicos. Três estão em fases ainda mais
adiantadas de testes e a CoronaVac é uma delas.
Fase clínica
O desenvolvimento de uma vacina é feito em
etapas. A primeira delas é a fase laboratorial, onde é feito a avaliação
de qual a melhor composição para a vacina. A segunda etapa, chamada de
pré-clínica, é a de testes em animais. A terceira etapa é a chamada fase
clínica, de testes em humanos.
Essa terceira etapa é dividida em três
fases. As fases 1 (inicial, que avalia se a vacina é segura) e 2 (que
conta com uma maior quantidade de voluntários e avalia a eficácia do
produto) já foram realizadas na China, com sucesso. Agora a vacina está
entrando na fase 3, que será realizada no Brasil, com 9 mil voluntários,
de todo o país, iniciando por São Paulo. Essa fase, que é um estudo
populacional, deve ser começar já no mês de julho. “Dentro de
aproximadamente três semanas, 9 mil voluntários estarão sendo testados
aqui no Brasil”, disse Doria.
“Na fase inicial [da vacina] foram feitos estudos em macacos. Os resultados foram publicados na revista científica Science.
A fase 1 [de testagem clínica] contou com 144 voluntários [chineses] e,
a fase 2, com 600 voluntários na China. E a fase 3 será agora feita no
Brasil”, explicou Dimas Covas.
Caso os testes feitos com esses 9 mil
voluntários, na fase 3, se mostrem positivos, a vacina entrará na etapa
de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
então começará a ser produzida em larga escala. A expectativa do
Instituto Butantan é de que a vacina poderá estar disponível para a
população em junho de 2021. “Comprovada a eficácia e segurança da
vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia e ela poderá
ser produzida em larga escala no Brasil para fornecimento ao SUS
[Sistema Único da Saúde] de forma gratuita até junho de 2021”, falou o
governador. Então, caso ela seja aprovada, será produzida em larga
escala tanto na China quanto no Brasil. O Butantan tem capacidade de
produzir 1 milhão de vacinas por dia em sua fábrica de gripes”, disse
Covas.
As primeiras pessoas a serem vacinadas no
Brasil, segundo Dimas Covas, serão as dos grupos de maior risco, como
idosos e/ou com comorbidades, ou seja, doenças pré-existentes.
Sinovac
Por meio de nota em seu site, a Sinovac
Biotech informou que os resultados pré-clínicos “promissores sobre o
CoronaVac foram publicados recentemente na revista científica Science, em um artigo afirmando que o candidato a vacina é seguro e fornece proteção a macacos rhesus por meio de um estudo de desafio com animais”.
Segundo a farmacêutica, a Sinovac está
construindo uma fábrica comercial de produção de vacinas na China, que
deverá fabricar até 100 milhões de doses de CoronaVac a cada ano.
“Estamos orgulhosos em participar da luta
contra a covid-19 e esperamos trabalhar com o Instituto Butantan para
ajudar o povo do Brasil. Por meio dessa parceria, a Sinovac poderá
aumentar a velocidade sem precedentes do desenvolvimento da CoronaVac,
sem comprometer nossos padrões e procedimentos de segurança”, disse
Weidong Yin, presidente da Sinovac. (Agência Brasil)
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