Apesar do crescente
número de suspeitas e confirmações de coronavírus ser a maior parte de
casos nos postos de saúde e hospitais do país, pacientes com problemas
vasculares e outras doenças também dão entrada nas emergências dos
hospitais diariamente.
Doenças como trombose, aneurisma da aorta,
doença arterial obstrutiva periférica e pé diabético precisam de
acompanhamento médico regular. E, ao menor dos sintomas de piora do
quadro, o angiologista ou o cirurgião vascular que acompanha o caso deve
ser procurado.
A Sociedade Brasileira de Angiologia e
Cirurgia Vascular (SBACV) preocupa-se com os pacientes que não seguem as
recomendações de cuidados e acompanhamento das doenças vasculares no
período de quarentena, e aconselha que o acompanhamento médico seja
feito, ao menos, por telefone ou videoconferência.
O diretor de Publicações da Sociedade
Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular Nacional, o cirurgião
vascular Marcelo Calil Burihan destaca ainda que tem observado que
pacientes com comorbidades podem apresentar quadros mais complexos com a
covid-19, como diabéticos, hipertensos, coronariopatas, cardiopatas,
tem normalmente uma piora do quadro quando associado ao coronavírus.
“Tem se observado um aumento da trombose nos
pacientes com covid-19, sejam elas tromboses venosas ou arteriais de
membros superiores ou inferiores, parece haver um processo inflamatório
mais acentuado nos pacientes com covid-19, propiciando uma maior
trombose arterial e venosa,”
No entanto, é preciso frisar que não significa que pacientes com doenças cardiovasculares são mais propícios à covid-19.
“Em termos de contágio não. Mas as doenças
cardiovasculares são um fator de risco para o desenvolvimento das formas
mais graves da infecção pelo coronavírus. Normalmente são pacientes
fragilizados, na maioria idosos e que tem um sistema imunitário já
comprometido. Muitos são hipertensos, diabéticos e tem problemas renais.
Essa somatória de problemas ajuda a piorar a resposta do organismo ao
ataque pelo coronavírus”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de
Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional Minas Gerais, Mateus Alves
Borges Cristino.
Quando ir ao pronto socorro
Mesmo com os hospitais cheios, Burihan chama
atenção para sintomas que não podem esperar por atendimento médico.
“Pacientes que precisam de uma consulta imediata são aqueles portadores
de isquemia, que podem ter perda de movimento. Isso pode ser uma
isquemia arterial aguda, que tem um caráter emergencial.”
Outro caso emergencial é o de aneurisma de
aorta. “Mesmo que saibam ou não, pacientes que tenham uma dor abdominal
intensa com suor, que normalmente podem ter rutura ou expansão de aneurisma, também um quadro de urgência médica. Tem também os pacientes com pés diabéticos, que podem ter lesões que podem infeccionar e devem ser tratados com urgência para que esses pacientes não venham a ter uma perda da vida”, destaca.
O especialista alerta que dores agudas ainda
merecem atenção. “Alguns pacientes que têm dor no membro inferior ou
superior, dores mais aguda, necessitam realmente uma consulta mais
rápida para saber se é um quadro circulatório ou não. Quadros com edema
abrupto na perna podem ser sintomas proporcionados por uma trombose
venosa aguda, que também é quadro emergencial que precisa ser tratado”.
Quem pode esperar
Para evitar contágio ou disseminação do
coronavírus, determinadas consultas podem ser adiadas para depois da
quarentena, recomenda Burihan. “Pacientes portadores de varizes podem
postergar suas consultas para não correrem o risco de serem contaminados
em ambulatórios ou consultórios ou mesmo transmitir o covid-19 sendo
muitas vezes assintomático”.
Mas quem já teve ou tem as outras doenças vasculares, deve ficar atento aos sintomas.
Pacientes com problemas mais graves, como os
citados acima (trombose, feridas infectadas, erisipela, AVC, isquemia
arterial) devem estar atentos aos sinais de alarme e procurar pronta
assistência.
O médico Mateus Alves Borges Cristino chama a
atenção para outra situação peculiar, que são os pacientes que fazem
uso de anticoagulantes e que devem manter contato com seu cirurgião
vascular assistente, tanto para controle da anticoagulação ou para
reportar sinais de sangramento urinário, nasal, genital, digestivo.(Agência Brasil)
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