quinta-feira, 14 de maio de 2015

Prezado Cristóvam

Quando você se despediu do NoiteDia por força de problemas nas vistas, confesso-lhe que me faltou uma palavra de solidariedade para com você naquele momento. Desculpe. Não sei lidar muito bem com tais dissabores. Mas, felizmente sua maneira de encarar a vida não lhe deixa perder o ânimo. E isso faz toda diferença! Como prova o límpido, pedagógico e eclético texto de “Soltando as Amarras”. Verdadeira lição de vida. Ou melhor, verdadeiras lições de vida. Valeu!... Abraço. Osvaldo Ventura”. Grato pelos seus comentários, Osvaldo. É isso que desejo. Ouvir opiniões, críticas, comentários, enfim, abrir a reflexão, mas não o debate. Não vou discutir nem debater com ninguém, mas quero ouvir opiniões e, tenha certeza, respeitarei todas. Como disse Voltaire: “Posso não concordar com a sua opinião, mas defenderei com a minha própria vida o seu direito de expressá-la”.

Como lidar com as coisas
Osvaldo Ventura confessa que não lida bem com alguns dissabores da vida. Quisera eu, caro Osvaldo, ter uma fórmula eficaz para compartilhar com você e com todos sobre como lidar bem com as coisas. Mas, veja. Apesar do meu destemor, apesar do meu entendimento sobre as razões pelas quais as coisas nos acontecem, há muitas coisas com as quais eu não lido bem. Sei que tudo que nos acontece são provas colocadas no nosso caminho para o nosso aprendizado e consequente evolução espiritual. Por isso, em vez de me lamentar, procuro entender porque aquilo me aconteceu, e como devo resolver o problema, com calma e raciocínio. Algumas coisas podem ser resolvidas, outras não. Estas. Carregaremos conosco pelo resto da vida. A morte, por exemplo, encaro com tranquilidade, pois sei que é apenas uma passagem e não o fim. Se alguém adoece e posso fazer algo para auxiliar na cura, farei, mas, quando morre, nada posso fazer, e aí me bate aquela sensação de impotência e resignação. Fico triste, sinto saudade, mas o tempo que tudo cura, irá curar essa dor também. Mas, se há algo que não lido bem, por exemplo, é com a morte de jovens ou recém-nascidos. Eu sei que são necessárias, e porque são necessárias, mas a tristeza que me bate nestas horas é maior que qualquer outra dor. E assim, vou tocando em frente, até porque, o que não pode ser resolvido, resolvido está.

Dias de caos
         Para combater a ditadura militar uma ideia, equivocada, era desqualificar qualquer ação do governo militar, mesmo que ela fosse boa para o país. Na época, meu espírito libertário e a minha ignorância política não me permitiam perceber que, assim como tantos outros jovens como eu, éramos usados como bucha de canhão para que elementos inescrupulosos alcançassem seus objetivos políticos escusos. Porém, a tempo percebi isso e, tão logo reconquistamos a liberdade, a democracia, o meu voto não era mais direcionado a um partido político, mas a pessoas. Eu escolhia aqueles que eu acreditava mais aptos e honestos, e que estavam mais próximos de mim, morando na mesma cidade, para que, oportunamente, pudesse lhes cobrar ações ou tirar satisfações. Queria pessoas que realmente me representassem. Mas o rumo que o país tomou, com os eleitos cuidando sempre mais da carreira política e da vida pessoal, do que exercendo as funções para as quais foram eleitos, e os derrotados cuidando de desqualificar o pouco que os eleitos faziam objetivando angariar apoio popular para as próximas eleições, nos levou ao atual estado em que nos encontramos. Caos total. Roubalheira desenfreada, população doente, ignorante, apática, violência sem limites, desrespeito total das pessoas por si mesmas, pelos seus semelhantes e pelas instituições, autoridades e lideranças desacreditadas. Um país ingovernável. Caos total. E imaginem que eu, besta, como tantos outros, votei em Lula na primeira vez, acreditando que, por ser ele um nordestino pobre que viveu no Sul, entenderia melhor as diferenças e os problemas do povo brasileiro, coisa que aquela gente que vive nos gabinetes refrigerados não têm a menor ideia do que seja. Pobre de mim. Enganado, traído, roubado e sem qualquer esperança de que algo melhore nem mesmo a longo prazo.

Água
         Sem dúvida, a mãe da vida e da morte, a maior força da natureza. Nos altos sertões, a falta de chuva semeia a morte, nas cidades, a falta dela nas torneiras causa transtornos e doenças, nas cidades litorâneas e ribeirinhas, causa inundações e desabamentos de prédios, semeando medo, sofrimento, dor e morte. Isso acontece até mesmo nos países do primeiro mundo, imagine nesse nosso Brasil desgovernado e descendo a ladeira sem freio?

Patéticos
         Um patético vereador feirense, membro de uma das patéticas comissões da Câmara Municipal, foi visitar as obras do Mercado de Arte Popular, que estão atrasadas por falta de repasse das verbas por parte do patético desgoverno federal. Constatou o referido pat, digo, gênio, conforme declarou no programa Acorda Cidade, que apesar do responsável pela obra haver afirmado que 80% do trabalho já havia sido feito, ele constatou que apenas 70% da obra estava concluído. Já o boletim informativo distribuído por sua assessoria diz: “O que pudemos observar é que muito pouco foi feito. Parte do telhado foi trocado e só. Apenas seis colaboradores trabalham no local. Segundo o proprietário da construtora responsável, Aldo Marinho, 70% da obra foi feita. A prefeitura diz que foi 80%. Aos meus olhos, de leigo, não foi feito nem 30%. Enquanto isso, os comerciantes são prejudicados sem ter ideia de quando a reforma será concluída”. O engenheiro de obra pronta só não disse que parâmetros utilizou para chegar a tal constatação. Patético.

Cinismo
         O cinismo que assola os políticos brasileiros atingiu um grande pico na semana passada através de uma doleira presa que “tirou onda” com a cara dos seus inquisidores na CPI da Operação Lavajato, ao ser questionada sobre qual a sua relação com o também doleiro Alberto Yussef, cantou para eles a música Amada Amante. Ela foi além, afirmando que o Brasil para sem corrupção. “Parou a corrupção (na Petrobrás), parou o Brasil”. Disse ela.

Hipocrisia
         Por sua vez, o cínico e hipócrita ex-secretário de saúde e atual deputado Federal (o povo gosta de merda mesmo) Jorge Solla, afirmou que entrará com uma representação contra a Prefeitura de Feira de Santana, para que abrigue o SAMU Regional. Ele só não explicou como irá forçar os governos federal e Estadual a preparar o sistema público de saúde para receber a demanda regional. Que se saiba, o Município tem apenas o Hospital da Mulher e o Hospital da Criança, o Estado mantém o Clériston Andrade e o Hospital Estadual da Criança, e o governo federal não tem nenhuma unidade de saúde no município. A rede pública existente não está dando conta da atual demanda, como poderá então dar conta da demanda Regional. Com a resposta o hipócrita Jorge Solla.

Não aceitamos promessas
         Não adianta prometer que os governos federal e estadual irão apoiar. Ambos estão falidos. Cerca de dez obras estão paralisadas em Feira de Santana, a Universidade está em estado de greve por falta de pagamento e reajustes dos servidores, o Centro de Universitário de Cultura e Arte está sem telefone e sem internet, professores de programas como o “Mais Educação” estão debandando por falta de pagamento. Enfim, está tudo indo por água abaixo enquanto Zé Neto tenta distrair a atenção dos eleitores para factoides e tapar o sol com uma peneira. Então, por favor, não façam promessas que sabem que não irão cumprir.



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Por hoje é só que agora eu vou ali beber uma garapa sem açucar

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