sábado, 9 de maio de 2015

Sistema permite que smartphone identifique parasitas

Especialistas em bio-engenharia desenvolveram um sistema que permite que smartphones sejam usados para detectar a presença de parasitas no sangue.
O sistema, chamado CellScope, permite que um app analise o movimento em uma imagem de uma gota de sangue capturada pela câmara do celular, para buscar eventuais organismos estranhos.
O sistema foi testado com sucesso em Camarões, na África, e os resultados foram divulgados na publicação científica Science Translational Medicine.
Especialistas dizem que a técnica marca um avanço fundamental no combate a doenças tropicais.

Verme no olho
Nos testes em Camarões, o sistema foi usado para detectar larvas de Loa Loa. Níveis altos deste parasita - que pode chegar até o olho - tornam arriscado o uso de ivermectina, um remédio comum contra vermes e parasitas, amplamente usado na África para tratar doenças como a oncocercose, também conhecida como "cegueira dos rios", e a elefantíase.
Em geral, os pacientes precisam passar por exames para analisar a quantidade de larvas Loa Loa que têm no corpo, o que custa tempo e requer equipamento de laboratório.
Por conta disso, o professor de bioengenharia da Universidade da Califórnia Daniel Fletcher, desenvolveu uma espécie de microscópio portátil para o smartphone, capaz de identificar a Loa Loa em uma gota de sangue.
Níveis altos de parasita Loa Loa- que pode chegar até o olho - tornam arriscado o uso de remédio popular contra várias doenças
O sangue é colhido e, a partir daí, fica tudo por conta do celular. A gota é colocada no pequeno microscópio adaptado para iPhone e aí, com o uso da câmera, o smartphone consegue examinar o material e dar o resultado do exame em três minutos.
"Com um toque na tela, o aparelho mexe a amostra, capta imagens e automaticamente analisa todas elas", disse Fletcher.
O software utilizado no celular não tenta desvendar o formato da larva, mas sim qual é o movimento dela.
Com isso, ele consegue identificar o número de parasitas Loa Loa no sangue e diz aos cientistas se eles estão aptos a receber o tratamento com o remédio ou não.
Isso significa que é preciso pouco treinamento para utilizar o programa do smartphone, enquanto os procedimentos atuais para o exame requerem profissionais especializados para analisar a amostra de sangue.
A ideia agora é testar o software em 40 mil pessoas. "Estou animado, isso oferece uma abordagem de alta tecnologia para lidar com problemas de baixíssima tecnologia", afirmou Fletcher.
Os cientistas esperam que a mesma ideia possa ser adaptada para examinar outros tipos de infecção, como tuberculose, malária, e outras doenças de parasitas transmitida pelo solo, como a lombriga.(BBCBrasil)

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