O ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, relatou hoje (8), durante coletiva, que um dos
processos de compra feitos pela pasta não será cumprido. Segundo o
ministro, uma empresa chinesa que estaria responsável pela entrega de 15
mil unidades de respiradores mecânicos - equipamento essencial para
tratar pessoas infectadas com o novo coronavírus e que apresentam o
sintoma mais grave da doença, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
- não deu garantias de entrega.
Para solucionar o desfalque do material,
Mandetta informou que há um projeto de parceria para expandir a
capacidade de produção de respiradores por fábricas brasileiras. Uma
firma que fabricava cerca de 500 por dia fechou acordo para a entrega de
6,5 mil unidades em um prazo de três meses para o governo federal.
Segundo o diretor de Logística do Ministério
da Saúde, Roberto Dias, a meta é garantir que companhias nacionais
viabilizem no total 14 mil respiradores, sendo sete mil para Unidades de
Tratamento Intensivo e sete mil para transporte de pacientes em estado
grave.
Em relação aos equipamentos de proteção
individual (EPIs), o ministro afirmou de que já foram repassados mais de
50 milhões aos estados. Na próxima sexta-feira (10), a perspectiva é
que chegue um novo carregamento de 40 milhões. Já os testes rápidos
tiveram 500 mil kits distribuídos. Até sexta, a promessa é de entrega de mais 1 milhão de exames.
Aporte de verbas
De acordo com Mandetta, o Ministério da
Saúde já aportou R$ 7,6 bilhões em ações de prevenção e combate ao novo
coronavírus. Do montante, R$ 600 milhões foram repassados aos estados
para planos de contingência, somados a R$ 430 milhões, proporcionais à
população de cada unidade da Federação. Cerca de R$ 900 milhões foram
destinados ao programa Saúde na Hora, R$ 1,5 bilhão para compra de EPIs e
R$ 650 milhões para leitos.
Além disso, está em construção o primeiro hospital de campanha em Goiás,
na região do entorno do Distrito Federal. Conforme Mandetta, a decisão
de criar o centro de apoio a pessoas infectadas pelo novo coronavírus se
deve ao fato de o governador, Ronaldo Caiado, ter solicitado ajuda
emergencial. O governo é responsável pela construção, entretanto,
administração, insumos e recursos humanos deverão ser fornecidos pelo
governo de Goiás.
Outras estruturas semelhantes poderão ser
montadas para atender populações indígenas. Um caso já foi registrado em
uma tribo da etnia yanomami.
Politização
Durante a apresentação, Mandetta criticou
representantes do governo de São Paulo. O ministro se referiu a uma fala
do infectologista David Uip, que mais cedo revelou ter recomendado ao
Ministério da Saúde o uso de hidroxicloroquina para tratamento de
covid-19.
Mandetta reforçou que a definição médica
individual é o que deve ser considerado no tratamento da doença e que só
recomendará a cloroquina e a hidroxicloroquina caso sejam referendadas
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como medicamentos viáveis no
tratamento contra o novo coronavírus. “Em uma videoconferência com o CFM
e David Uip, discutimos se utilizaríamos cloroquina nos graves.
Deliberamos que quem analisa é o CFM. Hoje este medicamento não tem
paternidade, o governador não precisa querer politizar o assunto, ele
está colocado. Quando a gente coloca situações que possam ser complexas,
que nós precisamos que os conselhos analisem”, disse o titular da
Saúde.
Mandetta ponderou que ministrar a
hidroxicloroquina pode ser “complicado” antes do diagnóstico de
covid-19, uma vez que muitas pessoas chegam aos hospitais com sintomas
de síndrome gripal e leva um tempo até o diagnóstico e identificação
correta do novo coronavírus. “Outra dúvida, 85% das pessoas que têm
sintomas ficam bem tomando tylenol e se curam. Será que seria
inteligente dar remédio para 85% das pessoas que não precisam dele e tem
efeitos colaterais?”, questionou, lembrando que o medicamento pode
gerar arritmia, com riscos a pacientes que não estão internados.
No último posicionamento sobre o tema, o
Conselho Federal de Medicina esclareceu em nota que até o momento a
Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda nenhum tratamento e que
“não há estudos conclusivos que comprovem a eficácia e segurança do uso
de medicamentos que contêm cloroquina e hidroxicloroquina para o
tratamento da covid-19.” (Agência Brasil)
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