A informação de que um cachorro testou positivo para o novo coronavírus (SARS-CoV2)
em Hong Kong, deixou muitos donos de pets preocupados. Porém,
veterinários acham pouco provável que animais domésticos contraiam o
vírus sem que ele sofra uma mutação considerável.
Segundo o comitê científico e de saúde única da WSAVA (Associação
Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais) e a OMS
(Organização Mundial da Saúde), não há evidências de que animais de
estimação (cães e gatos), possam ser infectados pelo novo coronavírus ou transmitir a covid-19 (doença provocada pelo vírus).
A professora Helena Lage, da FZEA-USP (Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo), explica que os
vírus pertencentes à família coronavírus, normalmente, são limitados
quanto à espécie em que circulam.
Segundo ela, o novo coronavírus precisaria de uma adaptação proteica para se ligar à célula de um hospedeiro diferente.
A dona do cachorro em que foi detectado o vírus estava com covid-19.
Mas não se sabe até o momento se o animal estava infectado ou se o vírus
estava superficialmente nele.
Helena acrescenta que a carga viral encontrada foi muito baixa e poderia nem ser capaz de causar uma infecção.
Segundo informações da emissora de TV norte-americana CNN,
Sheila McClelland, fundadora da LAP (Lifelong Animal Protection
Charity), escreveu uma carta às autoridades de Hong Kong informando que
"as evidências atuais sugerem que os cães não correm mais risco de
espalhar [coronavírus] do que objetos inanimados, como maçanetas".
Segundo a professora da USP, um vírus que tem facilidade maior de infectar várias espécies de animais é o influenza.
"O influenza possui oito segmentos de RNA. O coronavírus possui só uma
fita. Quando o influenza infecta uma célula e um segundo vírus infecta
essa mesma célula, eles trocam esses segmentos. O vírus da pandemia de
2009 [H1N1] circulava em aves, suínos e humanos.”
A OMS recomenda higiene das mãos com sabão após o contato com animais,
mas para proteção contra outras doenças como aquelas causadas pelas
bactérias E. coli e Salmonella.
Segundo Helena, não é necessário utilizar máscaras em animais. “Tudo
indica que eles não são capazes de se infectar. Além disso, a máscara
deve ser utilizada pela pessoa que está doente, para que ela espalhe
menos partículas virais.”
Apesar da falta de evidências que comprove a contaminação de animais
pelo novo coronavírus, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças
dos EUA), recomenda que pessoas com covid-19 não fiquem perto de
animais, até que mais informações sejam conhecidas sobre o vírus.
Aqueles que precisam cuidar de animais de estimação devem lavar as mãos
antes e depois de interagir com o pet e usar máscara facial.
A maior preocupação em relação a animais e coronavírus é o aumento de
animais abandonados. Sheila afirmou à CNN que esse aumento foi observado
em Hong Kong.
Segundo ela, o maior risco é o de espalhar o medo. "Em estado de
pânico, as pessoas poderiam abandonar ou matar seus animais de
estimação." (R7)
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