segunda-feira, 30 de maio de 2016

Neurocientista defende universidades geridas como empresas: 'É preciso demitir quem não produz'

Pouco mais de uma semana após trocar o Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ Brasil por uma universidade nos Estados Unidos, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel diz não estar tendo problemas para adaptar-se à nova realidade.
"Aqui, mesmo quando as coisas não funcionam, elas acabam sendo resolvidas rapidamente", disse à BBC Brasil, por telefone, da Universidade Vanderbilt, em Nashville, no Estado do Tennessee.
"O que não funciona aqui no momento, para você ter ideia, é que o meu sobrenome é grande demais para caber nos formulários (risos). É muito legal trabalhar numa universidade que tenha a estrutura ágil que qualquer empresa tem. As universidades brasileiras, as públicas, pelo menos, não tem."
No início de maio, em artigo da revista Piauí, a pesquisadora carioca - que estuda o funcionamento do cérebro humano e de outras espécies de mamíferos - descreve as dificuldades para produzir ciência de nível internacional no Brasil, como a burocracia para comprar equipamentos e as dificuldades de financiamento.
Apesar de ter publicado trabalhos de repercussão mundial, como o que defende a hipótese de que cozinhar alimentos permitiu aos ancestrais do homem sustentarem um cérebro maior, e um estudo, publicado na revista Science, sobre como o córtex cerebral se dobra, Herculano-Houzel, chegou a usar o próprio dinheiro para cobrir despesas de seu laboratório. Em 2015, fez uma "vaquinha", uma campanha de financiamento coletivo na internet, para conseguir manter a produção por alguns meses.
Ela critica o que diz ser falta de meritocracia nas universidades federais, onde professores têm salários fixos independentemente do que produzem, e afirma que "não dá para ser otimista no Brasil nesse momento".
Confira os principais trechos da entrevista ao BBCBrasil

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