quarta-feira, 25 de maio de 2016

O tamanho do órgão não faz diferença

Acreditar que a vitalidade da cultura depende de sua institucionalização em um Ministério é estar, ainda, preso a uma concepção burocrática, estatizada, estatal, de sua prática. Uma dependência atávica de um Estado organizador e, ao final, direcionista. A cultura brasileira, se diversa, múltipla, significativa em sua regionalização, tem modesta expressão internacional e isto não se resolve com espaço administrativo inchado, empreguista e cartorial como existente no Ministério. Passa por outra questões, que vão desde idioma até qualidade da produção.
Podemos ter um Ministério absolutamente improdutivo- e já o tivemos, por bastante tempo- ou hiperfuncionante. Há Secretarias estaduais que produziram com mais qualidade que o órgão central e isto se repete até em minha cidade, com a variação de gestores. Podemos ter um Ministério de Cultura e Comunicação como na França, Cultura, Educação e Esportes como na Espanha, ou só um Departamento, como na Inglaterra. Não consta que estes países tenham inviabilizado sua expressão cultural por conta disto.
A unificação de Cultura e Educação com uma Secretária, ao contrário da gritaria, faria com que a estrutura mais enxuta economizasse gastos. O que fará diferença não é seu status, mas sua transparência , sua capacidade de execução, sua definição de politica cultural, que não a transforme numa sinecura confortável para grupinhos, artistas do show-business ou amigos do poder, mas seja realmente capaz de fomentar o desenvolvimento e aprofundamento da cultura do país em todas as suas dimensões , inclusive como geradora de emprego e renda.
O governo do PT com sua TV oficial, contratos com blogs sujos( apontados na lava-jato), liberação de verbas do MinC para projetos estapafúrdios - e outros justos- apenas montou uma rede de formadores de opinião captando jornalistas, artistas com voz na mídia, que possuem espaço e repercussão. Muitos deles acomodaram-se ao baixo risco de investimento e exigência de sua produção em um processo feliz para todos, afinal, correr perigo com o dinheiro do contribuinte é tranquilo e favorável. Na velha prática da dominação cultural o governo construiu sua gordura protetora.
A gritaria contra a unificação vem de muitos que o fazem independente do resultado- é a militância praticante-, e outra significativa parte vem dos seriam obrigados a respirar sem o aparelho governamental. Não houve um argumento sequer, apresentado, mostrando que o fechamento do MinC transformaria a pujante cultura nacional numa bagaceira geral. Ninguém deu exemplo de um país que dependa deste majestoso cabide de emprego.
Volto e encerro. Não é o status, nem o tamanho do orgão que mudará os resultados. O sucesso ou fracasso do novo Ministro não dependerá da atual estrutura. Torço por seu sucesso, embora sua origem carioca, com amizades demais no eixo sul, me deixem dúvidas se resistirá aos usufrutuários das verbas ministeriais.


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