quinta-feira, 12 de maio de 2016

Amadurecemos politicamente?

         Este ano completam exatos 40 anos que participei ativamente de uma campanha política. De lá para cá participei de muitas outras. Ganhei, perdi, desiludi, amadureci. Os 35 anos de jornalismo contribuíram muito para meu amadurecimento político e cidadão. Aprendi muito e sei que ainda tenho muito a aprender, mas tolo manipulável, não tenho o direito de ser. Exatamente por isso não participo do entusiasmo de quem comemora o Impeachment de Dilma Roussef como quem comemora a vitória de um clube de futebol ou de uma escola de Samba.
         Isso porque entendo o momento do Brasil como um todo como “muito grave”. Chegamos no ponto em que temos que parar de tratar a política como um jogo de interesses pessoais e pensar coletivamente, coisa que não estamos acostumados nem gostamos de fazer, mas que neste momento se torna uma atitude imperativa se queremos construir um futuro melhor. Não para nós, mas para nosso filhos e netos. No todo eu vejo que o País já experimento tudo que podia e não pode mais ficar tateando às cegas. É hora de decidir, com vontade, com firmeza, convicção, qual regime político é melhor para a maioria (é impossível agradar a todos) e viver e defender com unhas e dentes as regras deste regime. Quem não gostar da decisão da maioria que se mude, vá procurar lugar melhor para viver, que atenda suas expectativas.
         Passamos por um regime colonial, pela monarquia, experimentamos um parlamentarismo, uma ditadura civil, uma ditadura militar, e decidimos (decidimos?) pela democracia. E por este longo caminho fomos manipulados, enganados, traídos, forçados, induzidos a erros, tudo por conta do nosso comodismo, deste modo de vida alegre, mas, irresponsável, que trata coisas sérias como brincadeiras. Durante esta luta para tirar os corruptos do poder, ouvi uma opinião de uma jornalista, muito lúcida. Dizia ela: “Enquanto você está aí com a bunda no sofá assistindo ao Faustão, milhares de vermelhinhos estão nas ruas, trabalhando para tirar sua liberdade”. Qualquer um com um mínimo de bom senso, pelo menos deixaria o que estava fazendo para prestar atenção no que está acontecendo nas ruas ou até mesmo no quintal ou mesmo dentro da sua casa.
         Fala-se tanto na alienação dos jovens, mas foram eles que sacudiram as redes sociais e convocaram as pessoas a ir às ruas e lutar por seus direitos, protestar, dar seu recado ao político, lembrando a eles que nós, cidadãos, que trabalhamos e pagamos os impostos que pagam os salários deles, somos seus patrões, e não o contrário, como eles sempre querem nos fazer acreditar.
         O meu espírito libertário e democrático me levou às passeatas estudantis quando eu tinha apenas 14 anos. Me fez perder bons empregos, boas oportunidades, passar dificuldades financeiras. Mas, querem saber? Não me arrependo de nada e faria tudo outra vez. Eu quero a democracia e luto por ela toda a minha vida. Estou com 62 anos e só vou parar de lutar pela liberdade quando morrer.
         E você o que quer? Tem certeza disso? Então vá lutar pelo que você quer, porque ninguém vai fazer isso por você. Nem Jesus Cristo, porque ele mesmo disse: “Ajuda-te, que os céus te ajudarão”.

         P.S. Lutar não significa apenas um confronto direto. Há muitas armas e frentes de batalha numa guerra. Escolha as suas e vá luta! 

Nenhum comentário: